sexta-feira

aos homens

Aos homens, que sejam belos. E sejam, se não homens, meninos-homens, que calem nas palavras a malícia e a malemolência da maturidade infantil dos homens. O homem não ri de seu próprio humor, a não ser no canto do olho, tocando sutilmente n’alma do outro que – este sim, não homem - ri. Aos homens, seja dada a beleza dos ombros largos e da voz de veludo que às mulheres não é permitido. Às mulheres restam os soluços finos da simpatia rasa do cotidiano.

Aos homens deixo o deslizar dos corpos no cimento e na terra, no andar composto e corpulento. Nunca pesado. O homem não é além da leveza e da possibilidade de ser, no grosso tom em que dá som aos pensamentos. Pensamentos que não cabem aos garotos, às mulheres e aos demais bípedes, pois (os pensamentos) são tudo sempre, e sempre o que possa haver – o que o homem é.

2 comentários:

Gisele Brito disse...

Amém.

RDS disse...

Vou ter de voltar pra ler de novo... não digeri completamente. Sei que nunca fui homem exemplo mas... eu rio de meu próprio humor, e rio tanto que acho graça escrever rio quando na verdade lembro de meus lábios se abrindo num sorriso, numa gargalhada, como dois rios inteiros... mas aí já virou Skank e é melhor deixar quieto...
Dum menino-homem que ainda insiste nos hífens: Renan